domingo, 15 de abril de 2018

Confundida com bronquite, asma atinge 40 milhões de brasileiros e pode matar

Chiado, sensação de aperto no peito e falta de ar são os sintomas mais comuns de asma e bronquite. As duas doenças, que são bastante comuns no inverno, costumam confundir os pacientes na hora de procurar o devido atendimento médico, o que pode ser fatal nos casos de asma. Para conscientizar a população sobre a doença, que acomete cerca de 40 milhões de pessoas só no Brasil, hoje (21) é lembrado o Dia Nacional do Controle da Asma, como explica o pneumologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Mauro Gomes.
— O nome correto da asma é asma brônquica e, por isso, é comum que seja confundida com bronquite. Mas não se trata da mesma doença e é muito importante que pacientes compreendam as especificidades de cada uma, para que possam procurar o tratamento medicamentoso e os hábitos mais adequados para cada quadro.
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que prejudica o fluxo de ar que entra e sai dos pulmões, provocando falta de ar e chiado no peito. O desenvolvimento da doença costuma estar associado a uma causa genética, ou seja, algumas pessoas apresentam uma predisposição a desenvolvê-la e, ao entrarem em contato com fatores que sensibilizam as vias aéreas, como ácaros, pólen e pelos de animais, ela pode se manifestar.
É importante lembrar que a doença é crônica e que as crises são apenas uma manifestação pontual. No Brasil, grande parte da população apresenta problemas respiratórios, seja por fatores climáticos, de poluição ou de hábitos, como o fumo e o uso amplo de fogões a lenha em algumas regiões. Segundo o especialista, geralmente os portadores de asma não a tratam como deveriam.
— O maior problema  é que os pacientes não veem a doença como crônica e acham que ela só acontece durante as crises. Se tratar, evita-se a crise e pode ter uma vida normal, praticar esportes etc. 30% dos medalhistas olímpicos começaram a praticar esportes porque são asmáticos, como o nadador Gustavo Borges.
De acordo com o especialista, existem dois tipos de tratamento para a asma.
— Na crise aguda, a base do tratamento são remédios que dilatam os brônquios, os chamados broncodilatadores. Fora da crise, são utilizados medicamentos de manutenção e prevenção, com anti-inflamatórios. Todas essas substâncias são administradas para dentro dos brônquios por meio de inalação, seja por aparelhos conhecidos como bombinhas, sprays ou inaladores tradicionais. O tratamento deve ser feito todos os dias. Já durante as crises, o paciente utiliza outros remédios.
Alguns pacientes chegam a ser internados em casos mais graves e muitos morrem, afirma Gomes.
— Entre 15 e 20% da população tem asma no Brasil, o que corresponde a cerca de 40 milhões de pessoas, mas só 9% mantém a doença sob controle, com tratamento regular. Se não tratar, a asma mata. Só no Brasil, três pessoas morrem por dia por causa da doença.
Gomes explica que existem cinco graus de asma. Em casos mais graves, a pessoa precisa, inclusive, tomar injeções 1 ou 2 vezes por mês e são bem caras. O paciente precisa desembolsar de R$ 3 mil a R$ 6 mil reais por mês, pois são medicamentos de alto custo e não há respaldo do poder público. Mas isso corresponde a apenas 2,3% dos casos.
— Em média, os medicamentos para manutenção custam R$ 60. Porém, no Estado de São Paulo, por exemplo, o governo disponibiliza remédios de forma gratuita para tratar a doença. Ou seja, não é por falta de medicamento que as pessoas não se tratam. Quem precisa do medicamento preenche um formulário e recebe mensalmente a sua cota de medicação para fazer a manutenção.

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